Balada de um adeus


Não sinto vontade em perceber,
Pois, sei que o momento já passou.
Não sinto vontade em compreender,
Não vejo que tudo já mudou.

Para sempre te vou cantar,
Porque te quero para mim,
Para sempre te vou chorar,
Porque te deixo assim...!

Não deixo de pensar no que virá,
Soltar a força que não têm fim.
Não deixo de pensar como será,
Não Ter a Cidade junto a mim.


Luís Alvelos

Poema para uma vela amante


Onde o vento cala toda a voz do mar,
Num profundo rasgo incerto e derradeiro,
Solto a vida por quem quero navegar,
Guardo a chama que me leva o nevoeiro.

Te desenho num remoto pensamento
Aguarela nos meus sonhos colorida,
Vaga solta em rebelde movimento,
Vela amante deste rumo sem guarida.


Eduardo Filipe

 

Canção da Cidade Adormecida


Diz-me tu ó cidade...
Em que sonhos no teu ventre guardas
Essas capas de liberdade,
Se na revolta da mocidade
Não há cavalos nem espadas!

Diz-me tu ó cidade
Em que desenganos me embalas?
Se adormecendo a saudade,
Lhe vais roubando a eternidade
Que cruelmente me calas!

Diz-me então ó cidade...
Porque desarrumas meu peito?
Se nasce em mim o teu rio,
Que espera que passe um navio
De sonhos e mágoas refeito...


Eduardo Filipe


Novo Canto


Mondego chora por mim
As lágrimas que eu sei de cor
O que há-de ser de mim
Se já não sei do meu amor.

Mondego chora por fim
As lágrimas que minh'alma tece
Pois parece que não tem fim
A solidão que me amanhece.

Mas hoje seca teu pranto
Ergue os olhos levante a voz
Que nascerá de nosso canto
Que nos fará não sentir sós.


Eduardo Filipe
 
Balada para um menino


Menino que vives p'la rua
E és ainda jardim por florir,
Se soubessem da vida que é tua
Teus olhos não queriam sorrir.

Menino que vives descalço
E moras no bairro do medo,
Onde acabam teus dias em falso,
Onde vais chorando em segredo.

Menino que corres ao vento
Sem ter ninguém para te embalar,
Deixa-me levar o teu tormento
E guarda-lo lá longe no mar.

Que sonhos se perderam contigo!
Que brinquedos não tiveste para amar!
Menino feio, sou teu amigo,
Menino pobre, vamos brincar...


Eduardo Filipe

Balada da despedida do 4º ano de Física - 1992/93


Por Coimbra sorvo o espaço
Da plena curva da vida
Que na voz do canto abraço
Ao soletrar a partida

Por Coimbra arde um rosto de saudade!
Em Coimbra nasce o sonho que m'invade!

Em Coimbra soa breve
O tom que o poema diz:
Legenda azul que se inscreve
Num dom de dedos-raiz!

Por Coimbra arde um rosto de saudade!
Em Coimbra nasce o sonho que m'invade!

Por Coimbra arde um rosto de saudade!
Em Coimbra nasce o sonho que m'invade!

Por Coimbra arde um rosto de saudade!
Em Coimbra nasce o sonho que m'invade!


Jorge Cravo
  Última Luz

Lentamente apagas o claro dia
Vais fazer dormir a flor
Sei que partes em agonia
Por isso tens outra cor.

Lentamente perdes teu ar altivo
Tua cor no céu escorre
É a cor de sangue vivo
Que derrama alguém que morre.


Luís Alvelos

Fado de uma vida

Amanhecer faz - nos pensar.
Sem depender d'onde estamos,
Nasce a força devagar.
Uma luz que precisamos
Uma luz para navegar

Amanhecer faz - nos sentir.
Sem depender quem somos,
Uma força parece unir,
Ser o que já fomos
Ser Grande e partir.


Luís Alvelos